terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Top 10: Avanços da Ciência em 2010

Para a ciência 2010 foi um ano de surpresas. Pela primeira vez, uma forma de vida foi criada artificialmente em laboratório. Também descobrimos que temos todos um certo parentesco com os extintos neandertais. E descobrimos que a NASA vai mudar seu jeito de mandar gente pro espaço, a despeito de todo o lobby para a manutenção de seus programas gigantescos. Ah, tem água na Lua também. Confira abaixo as dez maiores revelações científicas de 2010.

10 - Genética da longevidade


Diversas descobertas ao longo de 2010 revelaram que a duração de nossa vida pode estar nos genes. Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Boston mostrou que há correlação entre certas variações genéticas e a longevidade além dos cem anos. Com isso, conseguiram desenvolver um teste que prevê com 70% de exatidão se alguém atingirá a marca centenária. Outro avanço significativo foi obtido pela Universidade Harvard, em estudos com animais. Camundongos envelhecidos prematuramente passaram por tratamento para correção da ação da telomerase – enzima que regula os telômeros – e reverteram a velhice. Se ainda estamos longe de manipular o tempo de vida humano, pelo menos começamos a ficar mais perto de compreender o que o determina.

9 - Revisão na tabela periódica


Em abril, cientistas americanos e russos anunciaram a criação de um novo elemento químico. Com número atômico 117 - o que quer dizer que possui 117 prótons em seu núcleo - o ununséptio é instável e logo decai, primeiro perdendo prótons, depois se dividindo em dois. Entretanto, ele dura mais que outros elementos mais leves, o que faz supor que haja uma janela de estabilidade maior com outros átomos hoje desconhecidos. Ele entrou na família VIIA da famosa tabela periódica, com o símbolo Uus.

8 - LHC Reativado



O Grande Colisor de Hádrons, foi inaugurado em 2008. Mas o aparelho, que ocupa uma vasta rede de túneis entre a França e a Suíça, teve de ser desligado, após um efeito inesperado. Finalmente em 2010 o dispositivo voltou a operar e agora começa a aumentar gradualmente seu nível de energia. As primeiras colisões de partículas já foram realizadas e espera-se que eventualmente o acelerador produza mini-Big Bangs, versões em miniatura das condições que existiam apenas no momento em que o Universo nasceu.

7 - Água na Lua


Justamente quando os americanos desistem de voltar à Lua surge uma descoberta que muda por completo tudo que pensamos a respeito do satélite natural terrestre. Já havia informação de que deveria haver gelo no interior de suas crateras, onde a luz Sol nunca bate. Mas o que as sondas Lunar Reconnaissance Orbiter e Chandrayaan-1 mostraram em 2010 é que há moléculas de água recobrindo toda a superfície. 

6 - O futuro do espaço


Quando Barack Obama apresentou seus planos para o futuro da NASA, todo mundo ficou meio desconfiado. O presidente americano queria apostar mais em espaço naves comerciais e focar a agência espacial americana no desenvolvimento de tecnologias para missões mais ambiciosas no futuro, em vez de manter o plano original de George Bush de retornar à Lua até 2020. A companhia SpaceX no ano que passou realizou dois lançamentos de seu novíssimo foguete Falcon 9, capaz de levar cápsulas com humanos dentro até a órbita terrestre. No primeiro lançamento, em junho, só o lançador foi testado. Mas em dezembro ocorreu o primeiro voo de uma cápsula Dragon. Futuramente, ela poderá levar até sete astronautas à Estação Espacial Internacional. 

5 - Em busca de outra Terra


Os astrônomos acham que desta vez foi para valer. Em setembro, anunciaram a descoberta de um planeta fora do Sistema Solar que parece ter características que o tornam habitável. Ele órbita uma estrela anã vermelha chamada Gliese 581 e completa uma volta em torno dela a cada 37 dias terrestres. Provavelmente tem o solo rochoso e uma atmosfera, como nosso planeta, e está na distância certa de sua estrela para que água líquida seja estável na superfície.

4 - Nossos primos, os neandertais




Há tempos os cientistas têm trabalhado no esforço de extrair amostras de DNA dos neandertais, extintos cerca de 30 mil anos atrás. Originários da Europa, esses hominídeos chegaram a conviver por um bom tempo com os humanos modernos  e a razão de seu sumiço é motivo de muito debate. Mas em 2010 um esboço do genoma neandertal obtido pelo grupo de Svante Pääbo, do Instituto Max Planck para Antropologia Evolutiva, na Alemanha, mostrou que há genes deles entre nós. 

3 - Vida como não a conhecemos




Um dos preceitos básicos da vida na Terra é que seis elementos químicos são indispensáveis: hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio, enxofre e fósforo. Mas uma descoberta anunciada em dezembro por cientistas da NASA chocou a comunidade científica. Eles encontraram uma bactéria no lago Mono, na Califórnia, que foi capaz de, aos poucos, substituir completamente o fósforo por outro elemento, o arsênio. Até mesmo seu DNA deixou de usar um tipo de átomo para usar o outro. Embora os dois elementos sejam "parentes - pertencem à mesma família na tabela periódica, o que significa que têm características químicas similares - antes se pensava que essa troca seria impossível. O resultado revela não só o quanto a vida é capaz de se adaptar para sobreviver, mas demonstra também que o que consideramos necessário para o surgimento de seres vivos pode ser apenas contingente, e outras combinações químicas em mundos exóticos poderiam dar origem a formas de vida radicalmente diferentes. 

2 - Células-tronco embrionárias




Nos Estados Unidos, liberaram o primeiro teste clínico de células-tronco embrionárias. Doze pacientes seriam submetidos ao tratamento para lesões na coluna espinhal. Alguns meses depois, uma outra empresa também recebeu autorização para experimentos, voltado para o combate à perda de visão com células extraídas de embriões. Ninguém sabe se os resultados serão positivos, mas é interessante ver que foi neste ano que surgiram as primeiras tentativas efetivas de tornar realidade o potencial terapêutico dessa biotecnologia tão controversa.

1 - Vida artificial




Craig Venter é um egomaníaco incorrigível. Mas em 2010 o cientista americano que revolucionou as técnicas de leitura de genomas foi mais longe e resolveu assumir o papel de Deus: concebeu, em laboratório, a primeira forma de vida que pode ser chamada de artificial. Era uma bactéria, é verdade, e não tinha nada de realmente novo nela, mas ainda assim foi a primeira vez que um genoma montado “no braço”, letrinha por letrinha, foi “instalado” numa célula para a partir daí comandá-la, transformando-a na forma de vida especificada pelas instruções genéticas. Trata-se do ponto de partida para um novo campo de pesquisa, a biologia sintética. A ideia é usar as técnicas para desenvolver organismos que façam coisas como eliminar a poluição ou produzir combustíveis baratos. 

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